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Mostrando postagens de maio, 2021

George Orwell e a CIA

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Cenas dos filmes "A Revolução dos Bichos" (animação de 1954) e "1984" (longa-metragem de 1956), adaptações para o cinema dos livros homônimos do escritor inglês George Orwell (1903-1950). Os filmes foram produzidos no Reino Unido como parte um projeto financiado e coordenado pelo governo dos Estados Unidos, dirigido pela Diretoria de Estratégia Psicológica da Agência Central de Inteligência, a CIA. Após a morte de Orwell, a CIA aproximou-se de sua viúva, Sonia Blair, e conseguiu persuadi-la a ceder os direitos autorais e de reprodução das obras para a agência. A intenção era, de acordo com o presidente da Agência de Informação dos Estados Unidos, fazer "os filmes anticomunistas mais devastadores de todos  os tempos”. Os filmes são testemunhos não apenas do fenômeno do forte envolvimento da CIA na produção cultural da Guerra Fria, visando influenciar narrativas e percepções de mundo, mas também das distorções produzidas com objetivos proselitistas. O alinhamento

Virgílio Gomes da Silva

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Virgílio Gomes da Silva, metalúrgico, sindicalista e guerrilheiro brasileiro, destacou-se por sua atuação na luta armada contra a ditadura militar. Virgílio foi a primeira pessoa a ter sua morte confirmada pelas forças da repressão ditatorial. Virgílio nasceu em 15 de agosto de 1933 em Sítio Novo, no interior do Rio Grande do Norte. Quando ainda era criança, mudou-se com a família para o Pará, onde seus pais trabalharam em um seringal pertencente à companhia estadunidense Ford. Aos 11 anos, retornou para sua cidade natal com sua mãe e dois irmãos, passando a viver da agricultura de subsistência em um pequeno lote de terra. O pai permaneceria no Pará com uma de suas irmãs e nunca mais daria notícias. Em 1951, Virgílio se mudou para São Paulo, em busca de melhores condições de vida. Na capital paulista, morou em uma pensão e teve inúmeras ocupações - trabalhou como garçom, balconista, mensageiro e até tentou montar um bar. Em 1957, mudou-se com os irmãos para uma casa em São Miguel Pauli

Josina Machel

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Josina Machel, guerrilheira, revolucionária e heroína moçambicana. Josina Machel nasceu em 10 de agosto de 1945 em Vilanculos. Em 1956, mudou-se para Maputo para frequentar a escola secundária. Na capital moçambicana, Josina ingressou no movimento estudantil e travou contato com os grupos revolucionários anticoloniais. Foi uma das 25 jovens mulheres que saíram de Moçambique para se integrarem à FRELIMO - a Frente de Libertação de Moçambique, uma organização fundada na nação vizinha da Tanzânia na década de 1960 para lutar pela independência do país do domínio colonial de Portugal. Junto com suas companheiras, Josina participou da luta armada anticolonial e fundou o Destacamento Feminino da FRELIMO, que combinava treinamento militar, defesa das zonas liberadas e educação política das comunidades locais. Iniciava então um importante processo de integração das mulheres na luta pela libertação nacional e, paralelamente, atuava no processo de conscientização das massas sobre os objetivos do

A Guerra da Água

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A partir da década de 1990, pressionado pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial, o governo da Bolívia passou a seguir os ditames do Consenso de Washington, implementando uma agenda neoliberal, calcada em corte de serviços sociais, austeridade fiscal e privatizações. Esse processo se acentuou durante o mandato do presidente Hugo Banzer, que cogitou colocar o serviço público de abastecimento de água na agenda das privatizações. Diante da reação negativa, Banzer chegou a recuar temporariamente da ideia. Mas no início do ano 2000, o Banco Mundial declarou que não renovaria um empréstimo de 25 milhões de dólares à Bolívia caso o serviço de abastecimento de água não fosse privatizado. Banzer concordou então com a condição, assinando um contrato que repassava a distribuição de água para a iniciativa privada por 40 anos. O contrato foi concedido a uma companhia chamada "Aguas del Tunari", que pertencia a um consórcio de empresas estrangeiras, composto pelas multinacio

Fred Hampton

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Fred Hampton (1948-1969), ativista e revolucionário socialista afro-americano, líder e mártir dos Panteras Negras. Nascido em 30 de agosto de 1948 em Summit, estado de Illinois, Fred Hampton cresceu nos subúrbios de Chicago. Ainda jovem, ingressou na Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP), onde assumiu a direção da seção juvenil e se envolveu com o ativismo social. Em 1968, filiou-se ao Partido dos Panteras Negras (BPP) e dedicou-se ao estudo do socialismo e do maoísmo. No ano seguinte, pacificou Chicago mediando pacto de não agressão entre as gangues de rua e liderou a criação da Coalizão Arco-Íris (Rainbow Coalition), uma organização política multicultural e multiétnica que incluía agremiações de negros, brancos e latinos, tais como os Panteras Negas, os Jovens Patriotas e os Jovens Lordes. A coalizão de movimentos sociais cresceria exponencialmente, agregando estudantes, movimentos indígenas, latinos e de descendentes de asiáticos, como os Estudantes por uma

Milton Friedman

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O economista liberal estadunidense Milton Friedman (à esquerda, em terno preto) reunindo-se com o ditador chileno Augusto Pinochet. Santiago do Chile, março de 1975. Líder da chamada Escola de Chicago, Milton Friedman (1912-2006) é considerado o maior expoente do liberalismo econômico. Nascido em Nova York, Friedman formou-se em economia pela Universidade Rutgers e cursou pós-graduação na Universidade de Chicago. Malgrado suas críticas incisivas ao "estatismo" e sua defesa intransigente do laissez-faire e da redução do tamanho do Estado, Friedman fez carreira como funcionário público, ingressando no Comitê de Recursos Naturais na década de trinta. Posteriormente, trabalhou no Departamento Nacional de Pesquisa Econômica. Nessa função, ajudou a implementar o New Deal - um massivo programa estatal de investimentos públicos coordenado por Franklin Roosevelt, visando reconstruir a economia estadunidense após a Crise de 1929 e a Grande Depressão. Lecionou por um tempo na Universida

Friedrich Hayek

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Friedrich Hayek (1899-1992), ícone do liberalismo clássico e representante da Escola Austríaca de pensamento econômico. Hayek estudou economia na Universidade de Viena, onde foi influenciado pelas obras de Carl Menger. Já graduado, colaborou com Ludwig von Mises, que o indicou para dirigir o Instituto Austríaco de Ciclos Econômicos. Em 1931, mudou-se para a Inglaterra, onde passou a atuar como professor na Escola de Economia e Ciência Política de Londres, cargo que ocupará até 1950. Em Londres, envolveu-se em discussões teóricas com John Maynard Keynes e escreveu "O Caminho da Servidão", sua obra mais conhecida, onde criticou o planejamento econômico centralizado, que considerava uma ameaça para a liberdade. Em 1947, integrou-se à Sociedade Mont Pèlerin, uma associação de 39 eruditos de 10 países distintos que tinha por objetivo difundir os princípios liberais pelo mundo. Em 1950, mudou-se para os Estados Unidos, passando a lecionar na Universidade de Chicago, onde avançou em

Yelena Mazanik

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Yelena Mazanik, partisan soviética e heroína da Segunda Guerra Mundial. Após as tropas alemãs invadiram a União Soviética em 1941, Adolf Hitler designou Wilhelm Kube, uma das mais importantes lideranças nazistas, para o cargo de Comissário-Geral da Bielorrússia, tornando-o responsável por gerir um vasto território no Leste Europeu, habitado por 8 milhões de pessoas. Antissemita ao extremo, Kube considerava que os judeus eram "uma praga para a raça branca, da mesma forma que a sífilis é uma praga para a humanidade". Durante seu domínio sobre a Bielorrússia, Kube construiu mais de 200 guetos judeus e 260 campos de extermínio, iniciando um processo de aniquilação em massa de judeus e comunistas. Por esse motivo, os partisans soviéticos - movimento armado de civis que resistiam à ocupação nazista - estabeleceram como objetivo prioritário o assassinato de Wilhelm Kube. O Comissário-Geral, entretanto, era muito bem guardado pelas tropas nazistas e todas as tentativas de assassiná-l

O Caracaço

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A década de 1980 foi marcada na Venezuela por uma grave crise econômica. A queda abrupta do preço do barril do petróleo nos mercados internacionais havia causado um enorme desequilíbrio fiscal na economia venezuelana, muito dependente da exportação dessa commodity. As reservas cambiais secaram, a dívida externa explodiu e a inflação disparou. O país registrou uma fuga de capitais sem precedentes e um grande aumento na taxa de desemprego. Em 1988, Carlos Andrés Pérez foi eleito presidente da Venezuela prometendo ações enérgicas para superar a crise econômica e retomar o crescimento. Seu programa, chamado "El Gran Viraje" ("A Grande Virada"), consistia na aplicação do receituário neoliberal do Fundo Monetário Internacional (FMI) e das recomendações dos economistas da chamada "Escola de Chicago". As medidas incluíam privatização de empresas estatais, redução dos investimentos públicos, corte de programas sociais, desregulamentação do setor financeiro e reduçã

Experimento de Tuskegee

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Um enfermeiro coleta sangue de uma cobaia para o Experimento de Tuskegee, c. 1953. Entre 1932 e 1972, o governo dos Estados Unidos conduziu um experimento médico que visava observar a progressão da sífilis em homens negros infectados com a doença. O experimento foi conduzido em parceria com a Universidade de Tuskegee, no Alabama, numa comunidade com prevalência de afrodescendentes. As cobaias jamais deram seu consentimento para participar da experiência, nem sabiam absolutamente nada sobre o diagnóstico. Eles foram informados de que eram portadores de "sangue ruim" e que iriam receber tratamento médico gratuito do governo estadunidense. Seiscentos cidadãos afro-americanos foram infectados com a sífilis, dos quais apenas 74 sobreviveram. Quarenta das esposas das cobaias humanas também foram infectadas pela doença e 19 crianças nasceram com sífilis congênita. Embora já em 1947 se soubesse que a penicilina era eficaz no combate à sífilis, os cientistas optaram por não utilizá-la

Fidel Castro (I)

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Fidel Castro, líder da Revolução Cubana, é o ser-humano que mais sobreviveu a tentativas de assassinato na história. Entre 1961 e 2000, a Agência Central de Inteligência dos governo dos Estados Unidos (CIA) tentou matá-lo em pelo menos 638 ocasiões. Os planos para matar o revolucionário cubano começaram tão logo John Kennedy tomou posse na Casa Branca. Após o fracasso dos estadunidenses na invasão da Baía dos Porcos, a CIA criou um comitê denominado Grupo Especial Ampliado, com o objetivo específico de matar Fidel Castro sem incriminar o governo dos Estados Unidos. A chefia do comitê ficou a cargo de Robert Kennedy, irmão do presidente. Após sucessivos fracassos, o diretor da agência, Allen Dulles, foi substituído por John McCone. De nada adiantou. Fidel sobreviveu a todos os atentados e cada nova tentativa se aproximava mais e mais da União Soviética. O próprio presidente dos Estados Unidos não teria tanta sorte - em 22 de novembro de 1963, John Kennedy seria assassinado enquanto desf

Ludwig von Mises

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Ludwig von Mises (1881-1973), expoente do liberalismo e da Escola Austríaca de pensamento econômico. Descendente de uma aristocrática família judaica do Império Austríaco, Mises estudou na Universidade de Viena, onde foi influenciado pelas obras de Böhm-Bawerk e Carl Menger. Após servir ao monarquista Otto von Habsburg, príncipe-herdeiro da Áustria, Mises atuou como conselheiro econômico do regime fascista de Engelbert Dollfuss, responsável pela forte repressão aos movimentos socialistas e de esquerda durante a Guerra Civil Austríaca. Após o assassinato de Dollfuss, Mises se mudou para a Suíça, passando a lecionar no Instituto Universitário de Altos Estudos Internacionais. Em 1940, mudou-se para os Estados Unidos, onde viveu sob patrocínio da Fundação Rockefeller e do Fundo William Volker. Lecionou na Universidade de Nova York entre 1945 e 1969, além de atuar como consultor de assuntos monetários para a União Europeia. A obra de Mises foi ignorada durante a maior parte do século XX e r

Margaret Thatcher (II)

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Margaret Thatcher, em 1986, durante a privatização dos sistemas de transporte público do Reino Unido. Mande pro seu coleguinha liberal fã da Tia Maggie que anda de ônibus. Fonte:  "The wheels on the bus", reportagem do The Economist

Margaret Thatcher (I)

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Expoente do Partido Conservador britânico, Margaret Thatcher (1925-2013), alcunhada "Dama de Ferro", foi primeira-ministra do Reino Unido entre 1979 e 1990, período em que se converteu em um dos símbolos máximos do liberalismo econômico. Famosa por seus discursos e frases de efeito demonizando beneficiários de programas sociais do governo, fez carreira como funcionária pública, passando 54 anos de sua vida sendo sustentada com fartas regalias pelo Estado. Durante sua gestão, implementou uma série de iniciativas políticas e econômicas do receituário liberal, tais como a desregulamentação da economia (sobretudo do setor bancário), a flexibilização da legislação trabalhista, o afrouxamento da legislação ambiental, a privatização de empresas estatais e a redução do poder e influência dos sindicatos. Reduziu os impostos de renda para os mais ricos, aumentando em contrapartida os impostos indiretos e sobre o consumo. Também tentou, sem sucesso, privatizar o sistema público de saúde

Robert Conquest e o "leilão do genocídio comunista"

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O historiador britânico Robert Conquest, autor de "The Harvest of Sorrow", é o principal promotor da tese de que Stalin teria matado cerca de 20 milhões de pessoas ao longo da década de trinta e um antigo proponente da tese do "Holodomor". Conquest trabalhou para o Departamento de Pesquisa de Informação, um braço do Serviço Secreto Britânico empenhado em subsidiar ações de inteligência contra governos vistos como inimigos do Reino Unido  —  incluindo a União Soviética .  Também é autor de um conhecido panfleto ideológico anticomunista denominado "O que fazer quando os comunistas chegarem: um manual de sobrevivência". Para calcular o número de pessoas que Josef Stalin teria matado, Robert Conquest utilizou-se da projeção da taxa de crescimento demográfico da União Soviética, baseando-se nos dados da década de vinte. Isso é, Conquest traçou uma linha de crescimento demográfico imaginária tomando por referência as taxas de natalidade e mortalidade dos anos vi

Terror Lilás

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Manifestação da comunidade LGBT estadunidense em frente à Casa Branca, em protesto contra a perseguição governamental durante o período do "Terror Lilás". Washington, DC, 19 de maio de 1965. O termo "Terror Lilás" refere-se a um pânico moral e a uma política de repressão aos homossexuais instituída pelo governo dos Estados Unidos a partir da década de 1940. O "Terror Lilás" transcorreu de forma paralela à chamada "Ameaça Vermelha" - a histérica campanha anticomunista liderada pelo senador Joseph McCarthy, que resultou em perseguição política e violações dos direitos civis de pessoas suspeitas de serem simpatizantes do comunismo. Insuflado pelo reacionarismo de congressistas eleitos com pautas moralistas e forte lobby de pastores evangélicos, o governo dos Estados Unidos passou a naturalizar discursos de ódio contra gays e lésbicas, rotulando-os como "forte ameaça à segurança nacional" e vinculando-os ao comunismo. A descriminalização da

Capitalismo (II)

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Em 50 anos, a humanidade reduziu em 60% a população de vertebrados existentes no planeta. Quase metade de todas as espécies animais da Terra estão em risco de extinção. 75% de todas as florestas nativas do mundo já foram derrubadas. Em 30 anos, os oceanos terão mais plástico do que peixes. Dos últimos 22 anos, 20 foram marcados por sucessivos recordes de temperatura - que poderá subir entre 3º e 5º C até 2100. Em resumo, desde a consolidação do capitalismo industrial há dois séculos, a humanidade causou mais danos ao meio ambiente e aos ecossistemas do que em toda a história humana acumulada previamente ao longo de milênios. Acreditar que a solução para o problema ambiental será viabilizada pela inovação do capitalismo é acreditar que a cura virá da doença.

Patrice Lumumba

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Patrice Lumumba (1925-1961), revolucionário congolês e mártir da luta anti-imperialista na África. Patrice Lumumba nasceu em Onalua, Congo Belga, em 2 de Julho de 1925. Intelectual autodidata, iniciou sua tumultuada carreira política na década de 1950, após observar as práticas exploratórias e opressivas levadas a cabo no Congo, quando o país ainda estava sob domínio colonial da Bélgica. Em 1958, Lumumba reuniu um grupo de intelectuais e dirigentes locais e fundou o Movimento Nacional Congolês (MNC), o primeiro partido político nativo do Congo. No mesmo ano, participou da primeira Conferência Pan-Africana do Povo, em Acra, onde travou contato com líderes nacionalistas de todo o continente. Em pouco tempo, Lumumba tornou-se um dos principais representantes dos ideais pan-africanistas e da ideologia anticolonial, defendendo a solidariedade entre os povos da África e encorajando o diálogo entre os países do continente. Sob sua liderança, o MNC uniu as etnias congolesas em prol da reivindi

Angela Davis

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A filósofa Angela Davis discursando em favor da candidatura presidencial de Gus Hall durante uma coletiva de imprensa na sede do Partido Comunista dos Estados Unidos. Nova York, 18 de fevereiro de 1976. Feminista e ativista das causas sociais e dos direitos civis dos afro-americanos, Angela Davis foi ligada ao movimento dos Panteras Negras e ganhou notoriedade internacional após sua participação no incidente do tribunal de Marin County. Declarada "terrorista" pelo governo estadunidense, Davis foi inclusa na lista dos 10 criminosos mais procurados pelo FBI por ordem de J. Edgar Hoover. Sua prisão, considerada injusta, arbitrária e racista, resultou no surgimento de um movimento de massas, com milhares de pessoas pressionando por sua libertação nos Estados Unidos e em outros 67 países do mundo. Após sua libertação, Davis visitou Cuba, União Soviética e Alemanha Oriental, tornando-se alvo de fortes críticas dos conservadores e liberais estadunidenses. Ao ser questionada sobre se

Lenin (II)

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Trecho do artigo "A pobreza dos professores do povo", publicado por Lenin no jornal Pravda, em 4 de dezembro de 1913.

O Brasil e a Guerra da Coreia

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Trabalhadores da Baixada Fluminense fazem um protesto contra a participação brasileira na Guerra da Coreia. Niterói, RJ, 1950. Foi por pouco que Brasil escapou de acrescentar mais uma mancha à sua história. No fim dos anos 50, os Estados Unidos pressionavam fortemente seus aliados e estados vassalos para apoiá-los em uma intervenção armada na Coreia do Norte, a fim de derrubar o governo socialista de Kim Il-Sung, aliado à União Soviética e à China. O presidente do Brasil, Eurico Gaspar Dutra, era favorável à participação das forças armadas brasileiras no conflito - mesma posição do oficialato dos militares e da ala liberal do governo. A participação do Brasil na Guerra da Coreia era dada como certa e muito provavelmente teria ocorrido, não fosse a intervenção dos comunistas - em especial de Elisa Branco, militante do Partido Comunista do Brasil (antigo PCB), que liderou os esforços de oposição à ideia. Em 7 de setembro de 1950, durante o desfile militar do Dia da Independência em São P

Elisa Branco

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A brasileira Elisa Branco é condecorada com o Prêmio Lenin da Paz. Moscou, União Soviética, dezembro de 1952. Após a instalação oficial de um regime socialista alinhado à União Soviética na Coreia do Norte em 1948, os Estados Unidos começaram a incitar uma intervenção armada na península. Para revestir suas ações com a aparência de legitimidade internacional, as autoridades estadunidenses começaram a pressionar os países sob sua influência a cederem tropas para lutar na Coreia. O governo brasileiro, então comandado pelo general Eurico Gaspar Dutra, fazia jus à sua fama de subserviência aos interesses estadunidenses, concordando com o envio de soldados para auxiliarem na intervenção. Dutra chegou a fazer um pronunciamento em rádio nacional defendendo o envio de tropas brasileiras para a Guerra do Coreia - posição endossada pela maioria dos membros da chamada ala liberal do governo, mas criticada pela ala nacionalista. Não obstante, a maior opositora da participação brasileira no conflit

Guerra do Vietnã (V)

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Cena da Guerra do Vietnã: Bill Robinson, capitão da Força Aérea dos Estados Unidos, é rendido por uma jovem guerrilheira vietnamita em 20 de setembro de 1965. O militar foi capturado durante uma missão que objetivava resgatar um piloto detido por vietcongues. Robinson foi libertado em fevereiro de 1973, tornando-se o prisioneiro de guerra dos Estados Unidos que mais tempo ficou em cativeiro.

Ayn Rand

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Musa dos anarcocapitalistas e dos libertários, a pseudo-filósofa Ayn Rand tornou-se uma das vozes mais influentes da "nova direita" global graças à sua obra pautada na glamourização do egoísmo, na exaltação das virtudes do individualismo e na rejeição do altruísmo. A naturalização da falta de limites éticos do comportamento capitalista, a oposição ao "coletivismo" e ao "estatismo", o apoio irrestrito ao ethos irrefreável do capitalismo e ao laisse-faire e a sacralização irracional da propriedade privada promoveram Ayn Rand ao posto de formadora de opinião de boa parte da intelligentsia liberal e de suas derivações utópicas. A pretensão intelectual de Ayn Rand, entretanto, passa ao largo da justificação material. Embora cite Aristóteles, Tomás de Aquino e os liberais clássicos como influências de seu autoproclamado "objetivismo", o pensamento de Ayn Rand é raso e caricato, beirando a paródia. Demonização de pobres, elitismo e defesa pueril do egoí

Grande Depressão (II)

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"Mãe Migrante". Fotografia de Dorothea Lange. Nipomo, Califórnia, 1936. Essa fotografia faz parte de uma série de imagens icônicas produzidas por Dorothea Lange retratando os efeitos da Grande Depressão nos Estados Unidos. A mulher retratada em segundo plano, atrás de um prato vazio, é Florence Owens Thompson, uma mãe desempregada e desabrigada de 32 anos, acompanhada na imagem por dois de seus sete filhos. A família havia montado sua barraca à beira da Rodovia 101, no Vale Pajaro, e procurava trabalho temporário na colheita dos campos de alface.

Grande Depressão (I)

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Favela de Red Hook, no distrito do Brooklyn, Nova York, c. 1930-1932. A década de 1930 foi marcada pelos efeitos devastadores da grande depressão econômica que teve início após a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929. Considerada o pior e mais prolongado período de recessão econômica do sistema capitalista no século XX, a Crise de 1929 causou o colapso do mercado de ações, falências em massa em todos os setores da economia, quedas drásticas da produção industrial e aumento vertiginoso na taxa de desemprego. A pobreza aumentou de forma exponencial, sobretudo nos Estados Unidos, onde dezenas de milhões de trabalhadores foram jogados na miséria e o número de desabrigados cresceu exponencialmente. Uma das consequências mais visíveis da Crise de 1929 nas cidades estadunidenses foi a expansão das chamadas "hoovervilles" - assentamentos improvisados feitos com tendas e pequenas barracas em terrenos vazios ou áreas públicas, semelhantes às favelas do Brasil. O nome "Ho

Guerra do Vietnã (IV)

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Cena da Guerra do Vietnã: Dewey Wayne Waddell, coronel da Força Aérea dos Estados Unidos, é capturado por uma guerrilheira vietnamita em um arrozal. Vietnã, 1967. A fotografia foi tirada pelo correspondente de guerra Thomas Billhardt.

Che Guevara (VI)

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Uma página do "El Diario Austral" anuncia a presença dos médicos Che Guevara e Alberto Granado, especialistas em leprologia, na cidade de Temuco, no Chile, em 19 de fevereiro de 1951. Entre 1950 e 1951, Che Guevara e Alberto Granado percorreram quase 13 mil quilômetros em uma motocicleta, conhecendo quase todos os países da América do Sul. Em cada cidade que paravam, ofereciam tratamento médico gratuito para as populações desassistidas. No Chile, as condições desumanas de trabalho dos operários nas minas de cobre enfureceu Che Guevara, que os descreveu como "vitimas de carne e osso da tremenda exploração capitalista". Após percorrer Chile e Bolívia, a dupla visitou a região amazônica no Peru, e ficaram durante algumas semanas tratando voluntariamente os pacientes de lepra do Leprosário de San Pablo. Em seus diários, Che Guevara afirmou ter ficado tocado pela camaradagem entre os pacientes da colônia de leprosos: "As formas mais elevadas de solidariedade e leald

Lam Thi Dep

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A guerrilheira vietnamita Lam Thi Dep e seu fuzil M16 às margens do Rio Mekong. Província de Soc Trang, Vietnã do Sul, 1972. Lam Thi Dep vendia refeições em um vilarejo sul-vietnamita às margens do Mekong. Aos 24 anos, após perder seu marido em um bombardeio estadunidense, ofereceu-se como voluntária à guerrilha travada pela Frente Nacional para a Libertação do Vietnã. Foi uma das sobreviventes da Ofensiva do Tet. As mulheres vietnamitas estiveram profundamente envolvidas em todos os níveis da campanha militar durante a Guerra do Vietnã, tanto nos esforços econômicos e de produção quanto nas guerrilhas e enfrentamentos de campo, lutando ativamente contra soldados estadunidenses. A Frente Nacional para a Libertação do Vietnã (FNL) era o exército irregular sul-vietnamita que lutava a favor do Vietnã do Norte durante a Guerra do Vietnã, combatendo a coalização formada por Estados Unidos e Vietnã do Sul. Utilizava táticas de guerrilha, sabotagem e enfrentamento aberto, tendo sido elementos

Autoimolação de Thich Quang Duc

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A autoimolação do monge Thich Quang Duc, em protesto contra a perseguição religiosa do ditador Ngo Dinh Diem. Saigon, Vietnã do Sul, 11 de junho de 1963. O registro fotográfico foi feito por Malcolm Browne. Após a vitória das tropas vietnamitas sobre a França na Guerra da Indochina, a Conferência de Genebra determinou a partição do Vietnã em dois Estados. Na parte setentrional, foi instalado o governo socialista do Vietnã do Norte, dirigido por Ho Chi Minh e aliado da China e da União Soviética. Na porção meridional, fundou-se o Vietnã do Sul — inicialmente uma monarquia sob comando do imperador Bao Dai. Não obstante, em 1955, o então primeiro-ministro do país, Ngo Dinh Diem, perpetrou um golpe de Estado, depondo o imperador. Apoiado pelas Forças armadas e pelos Estados Unidos, Diem transformou o país em uma república e autonomeou-se presidente. Em seguida, instituiu uma ditadura autoritária, subordinada aos interesses estadunidenses, caracterizada pela brutal repressão política contra