Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2023

O ataque ao carro de Nixon na Venezuela

Imagem
Manifestantes atacam o carro de Richard Nixon, então vice-presidente dos Estados Unidos, durante sua visita a à Venezuela. Caracas, 13 de maio de 1958. Eleito vice-presidente dos Estados Unidos na chapa encabeçada por Dwight D. Eisenhower, o republicano Richard Nixon organizou uma série de visitas oficiais aos países da América do Sul em 1958. O objetivo era fortalecer as relações intra-hemisféricas e consolidar a presença do país na região, como parte da estratégia de contenção — política estadunidense que visava neutralizar a influência internacional da União Soviética e da esquerda radical. O restabelecimento dos laços diplomáticos entre a União Soviética e os países sul-americanos e a assinatura de novos acordos comerciais entre as nações do continente e o bloco socialista, em um contexto marcado pela queda nos preços das commodities nos mercados internacionais, eram vistos como sinais alarmantes por Washington. Nixon pretendia visitar todos os países independentes da América do Su

¡Al paredón!: A Revolução Cubana e o mito dos fuzilamentos em massa

Imagem
Uma multidão de cubanos exige punição para os colaboradores do regime do ex-ditador Fulgencio Batista, logo após o triunfo da Revolução Cubana, em 1959. Os cartazes trazem dizeres como "paredão para os covardes", "morte para os assassinos de mulheres e crianças" e "fuzilamento para os terroristas". As tropas do ditador Fulgencio Batista cometeram inúmeras abusos atrocidades contra o povo cubano. Espancamentos, torturas, estupros em massa de mulheres e crianças, privações e execuções sumárias eram táticas de amedrontamento da população utilizadas de forma corriqueira pelo regime de Batista. Estima-se que seus soldados e milicianos tenham assassinado mais de 20.000 cubanos. Não é de se espantar, portanto, a facilidade com que as forças revolucionárias comandadas por Fidel Castro e Che Guevara conquistaram apoio da imensa maioria do povo cubano na luta contra o regime de Batista — tampouco o fato de que logo após o triunfo da revolução, a população, em clima

Crime organizado, milícias e chacinas no Rio de Janeiro

Imagem
Policiais removem o cadáver de um homem executado durante a Chacina do Jacarezinho. Rio de Janeiro, 6 de maio de 2021. Desencadeada pela operação "Exceptis" e conduzida pela Polícia Civil fluminense, a chacina foi a mais letal da história do Rio de Janeiro, resultando na morte de pelo menos 28 pessoas. Conforme relatório divulgado pela plataforma digital Fogo Cruzado, a Região Metropolitana do Rio de Janeiro registra em média uma chacina a cada semana. Somente nos últimos cinco anos, mais de mil pessoas foram mortas nas chacinas da Grande Rio. De cada quatro chacinas, três são derivadas de operações conduzidas pelas forças policiais fluminenses. A Polícia Militar do estado, por sua vez, é considerada a mais letal do mundo. Somente em 2019, as intervenções policiais do Rio de Janeiro resultaram em um saldo de 1.814 mortes — dez vezes o montante total de mortos produzidos pelas forças policiais do Iraque, país que se encontra em guerra civil. A frequência das chacinas tem aumen

A Frente Polisário e o movimento pela independência do Saara Ocidental

Imagem
Militantes da Frente Polisário participam de um protesto em Tindouf. Fundada em 10 de maio de 1973, a Frente Polisário é o mais importante movimento em prol da independência do Saara Ocidental. Desde o fim do século XVIII, a Espanha mantinha enclaves no território hoje conhecido como Saara Ocidental, utilizados como portos para o tráfico de escravos, entrepostos comerciais e plataformas para a prática da pesca comercial. Em 1884, após a Conferência de Berlim e a subsequente Partilha da África, a Espanha consolidou o domínio colonial sobre o Saara Ocidental, transformado em protetorado e posteriormente em uma província. No período pós-Segunda Guerra Mundial, multiplicaram-se pela África os movimentos anticoloniais e autonomistas. Em 1957, rebeldes marroquinos e saarauís (habitantes autóctones do Saara Ocidental) se uniram para conduzir uma série de incursões armadas contra os colonizadores europeus durante a chamada Guerra de Ifni, mas foram subjugados no ano seguinte pelas Forças Armad

Bücherverbrennung: a campanha nazista de queima de livros em praça pública

Imagem
Uma multidão assiste a uma cerimônia de queima de livros em uma fogueira acesa na Praça da Ópera de Berlim, Alemanha. A ação fazia parte da "Bücherverbrennung", a campanha nazista de queima de livros em praça pública que teve início em 10 de maio de 1933. Apoiado por empresários e vastos setores da burguesia alemã, o Partido Nazista venceu a estagnação dos anos iniciais e ascendeu rapidamente ao poder após 1929, obtendo resultados eleitorais mais expressivos a cada novo pleito. Nomeado chanceler em janeiro de 1933, Adolf Hitler articulou uma série de medidas para consolidar o domínio nazista sobre a Alemanha. O incêndio do Reichstag, falsamente atribuído aos comunistas, serviu como justificativa para que Hitler obtivesse plenos poderes, ordenando em seguida a suspensão dos direitos civis e políticos e o banimento da oposição. Os nazistas deram então início a um programa de doutrinação das massas e de cooptação ideológica das instituições, baseado no controle da informação e n

A Liga de Defesa Nacional

Imagem
Manifestantes da Liga de Defesa Nacional parabenizam a União Soviética e os pracinhas da Força Expedicionária Brasileira pelas vitórias obtidas sobre a Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro, 23 de março de 1945. A Liga de Defesa Nacional é uma organização da sociedade civil fundada no Rio de Janeiro em 1916, por iniciativa de um grupo de intelectuais liderados por Pedro Lessa, Miguel Calmon e Olavo Bilac, com apoio formal do então presidente Venceslau Brás. Fortemente influenciada pelo pensamento conservador, a instituição tinha como objetivo inicial a promoção do ideário nacionalista, do militarismo e do culto às tradições. A liga tinha forte atuação na sociedade, articulando campanhas cívicas, organizando palestras, distribuindo panfletos e publicando livros. Foi responsável, por exemplo, por organizar a campanha que levou à implementação do Serviço Militar Obrigatório no Brasil. Também combateu intensamente as greves e comícios do movimento operário, rotu

Dia da Vitória em Moscou

Imagem
Dia da Vitória: um show de luzes e fogos de artifício iluminam a multidão que se concentra na Praça Vermelha para celebrar o anúncio da rendição da Alemanha nazista. Moscou, União Soviética, 9 de maio de 1945. Não há registro de nenhum outro evento que tenha sido celebrado com tanto entusiasmo na União Soviética quanto a vitória sobre o Terceiro Reich. A felicidade era plenamente justificada. Desde 1941, o país era o principal teatro de operações da guerra mais sanguinolenta da história. A Alemanha nazista submetera a população soviética a todo tipo de brutalidade, cometendo crimes de guerra numa escala nunca antes vista. Vinte e sete milhões de soviéticos morreram no conflito — quase 14% de toda a população do país. Os soviéticos, entretanto, resistiram heroicamente. Recomposto dos revezes iniciais, o Exército Vermelho impôs sucessivas derrotas às tropas nazistas em uma contraofensiva avassaladora iniciada em 1943. Após expulsaram os alemães de seu território, os soviéticos os subjuga

Declarações sobre o Exército Vermelho

Imagem
General Douglas MacArthur (1880-1964), comandante das Forças Armadas dos Estados Unidos na Frente do Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial. Fonte:  "Roars of The Gaijin Shogun: D​ouglas MacArthur Quotes", p.25. Henry Lewis Stimson (1867-1950),Secretário de Guerra dos Estados Unidos durante a presidência de Franklin Delano Roosevelt. Fonte:  Fonte: Documentário "The Battle of Russia", de 1943 Frank Knox (1874-1944), Secretário da Marinha dos Estados Unidos durante a presidência de Franklin Delano Roosevelt, ativo na Frente do Pacífico na Segunda Guerra Mundial. Fonte:  Documentário "The Battle of Russia", de 1943

Franklin Roosevelt e o Exército Vermelho

Imagem
"Em nome do povo dos Estados Unidos, quero expressar ao Exército Vermelho, por ocasião de seu vigésimo quinto aniversário, nossa profunda admiração por seus feitos magníficos, sem paralelos na história. Por vários meses, apesar das perdas imensas de homens, suprimentos, transportes e territórios, o Exército Vermelho negou a vitória ao mais poderoso dos inimigos. Deteve-o em Leningrado, em Moscou, em Voronezh e no Cáucaso e, finalmente, na imortal Batalha de Stalingrado, o Exército Vermelho não apenas derrotou o inimigo, mas lançou a grande ofensiva que ainda está avançando ao longo de toda a frente do Báltico rumo ao Mar Negro. O recuo forçado do inimigo está lhe custando muitos homens, suprimentos, territórios e, sobretudo, o moral. Essas conquistas só podem ser alcançadas por um Exército que tenha liderança hábil, organização sólida, treinamento adequado e, acima de tudo, a determinação de derrotar o inimigo, não importando o custo do auto-sacrifício. Ao mesmo tempo, também dese

"O Anjo Caído", de Alexandre Cabanel

Imagem
"O Anjo Caído", obra do pintor francês Alexandre Cabanel executada em 1847. Acervo do Museu Fabre, Montpellier, França. A obra é uma das mais conhecidas representações de Lúcifer na história da arte, notabilizando-se pelo olhar expressivo e pela humanização do controverso personagem. Alexandre Cabanel tinha 24 anos de idade quando pintou "O Anjo Caído". O jovem era então um dos talentos mais promissores da Escola de Belas Artes de Paris, produzindo obras de grande beleza e refinamento, estritamente conformadas aos cânones do neoclassicismo acadêmico. Em 1844, Cabanel expôs pela primeira vez no Salon de Paris e atraiu de imediato a admiração do público. Os elogios efusivos alimentaram a pretensão de Cabanel de conquistar o "Prix de Roma" — um prestigioso concurso para estudantes de arte organizado pela Academia de Belas Artes da França, que premiava o vencedor com uma bolsa de estudo em Roma. O júri do concurso, entretanto, não estava tão impressionado com