O Brasil e a Guerra da Coreia


Trabalhadores da Baixada Fluminense fazem um protesto contra a participação brasileira na Guerra da Coreia. Niterói, RJ, 1950.

Foi por pouco que Brasil escapou de acrescentar mais uma mancha à sua história. No fim dos anos 50, os Estados Unidos pressionavam fortemente seus aliados e estados vassalos para apoiá-los em uma intervenção armada na Coreia do Norte, a fim de derrubar o governo socialista de Kim Il-Sung, aliado à União Soviética e à China. O presidente do Brasil, Eurico Gaspar Dutra, era favorável à participação das forças armadas brasileiras no conflito - mesma posição do oficialato dos militares e da ala liberal do governo.

A participação do Brasil na Guerra da Coreia era dada como certa e muito provavelmente teria ocorrido, não fosse a intervenção dos comunistas - em especial de Elisa Branco, militante do Partido Comunista do Brasil (antigo PCB), que liderou os esforços de oposição à ideia. Em 7 de setembro de 1950, durante o desfile militar do Dia da Independência em São Paulo, Elisa organizou um protesto junto com um grupo de mulheres. Posicionadas em meio à multidão de espectadores do desfile, as manifestantes estenderam uma enorme faixa com os dizeres "Os Soldados Nossos Filhos Não Irão Para a Coreia". O público aplaudiu efusivamente a manifestação, provocando a ira dos militares. Protestos sobre o tema foram proibidos na cidade e Elisa foi enviada para a cadeia.

Em solidariedade à causa e em protesto contra a prisão de Elisa, varias manifestações foram organizadas nas grandes cidades do Brasil, sempre como slogans como “Nossos filhos não irão para a Coreia” e “Não vamos combater os coreanos que lutam por sua libertação”. A maior delas ocorreu em Recife, durante uma missa organizada no Estádio do Retiro, com a presença de 40 mil pessoas. O presidente Dutra acabaria cedendo à opinião pública e à oposição dos nacionalistas, desistindo de enviar tropas para auxiliar os Estados Unidos no conflito.

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